A aprovação do novo Código Florestal na Câmara e no Senado
vem causando muita polêmica, não só entre o meio acadêmico, mas na população em
geral. O projeto de lei é considerado por especialistas como um absurdo
retrocesso na legislação ambiental brasileira, criado unicamente para
beneficiar os ruralistas e pondo em risco vários ecossistemas já impactados.
Dentre os vários pontos questionáveis do novo Código, um que preocupa bastante
os ambientalistas é a questão dos manguezais.
O manguezal é um ecossistema costeiro, caracterizado por ser
uma transição entre os ambientes terrestre e marinho. Por estar sujeito ao
regime das marés, apresenta um solo altamente salino, característica com forte
influência na sua formação vegetal, que é bem típica. Seu solo é pobre em
oxigênio, porém rico em nutrientes. A grande quantidade de matéria orgânica
produzida no manguezal serve como fonte de alimento para a fauna estuarina e marinha.
Além da sua importância ambiental, os manguezais têm também
uma enorme importância socio-econômica. Geram diversos benefícios à humanidade,
como a manutenção da qualidade e fertilidade das águas estuarinas e costeiras,
a proteção contra a erosão costeira e eventos climáticos extremos e o sequestro
de carbono. Os mariscos que ali vivem servem como fonte de sustento para a
população ribeirinha, que retiram dali seu alimento e sua renda.
Em Ilhéus, os manguezais ocupam uma área de aproximadamente
1272 ha, com áreas mais representativas na zona urbana e ao longo das margens e
ilhas da porção estuarina dos rios Cachoeira, Santana, Fundão e Almada. Aqui o
ecossistema já se apresenta altamente impactado, devido à criação de bairros em
áreas de mangue e à poluição do rio Cachoeira.
O texto do novo Código Florestal propõe a consolidação de
ocupações irregulares ocorridas em áreas de manguezal até 2008, consolida as
ocupações urbanas e permite a ocupação de 35% dos manguezais nas regiões
litorâneas da Mata Atlântica para a carcinicultura. Tal redução nas áreas de
mangue podem causar impactos irreversíveis ao ecossistema, com danos não só à
fauna e flora do manguezal, mas também à população ribeirinha que depende
desses recursos para sua sobrevivência.
Pensando nisso, a ong SOS Mata Atlântica, em parceria com
diversas organizações de todo o Brasil
criou o manifesto #manguefazadiferenca, com o objetivo de conscientizar
a sociedade sobre a importância do manguezal e alertar sobre o impacto das alterações do Código
Florestal no ecossistema.
Entre janeiro e março, a campanha realizou 37 mobilizações em
13 Estados, incluindo a Bahia, e no Distrito Federal. 87 instituições aderiram
à iniciativa e as manifestações da campanha alcançaram pelo menos 50 mil
pessoas em todo o país. As mobilizações se encerraram em março, mas a campanha
continua pelo facebook, twitter e no blog da ong.
Por: Thalinne Mafra e Tamine Andrade
Muito bom o texto meninas! Que fiquem todos atentos à um problema que também está tão próximo da nossa realidade, por isso...veta, Dilma!
ResponderExcluirLorena