Áreas de Restinga
É necessário preservar?!
A cobertura florestal do sul da
Bahia é extremamente variada, em virtude de uma grande diferenciação de solos,
clima, relevo e existência de grandes rios que também se constituem em
importantes barreiras geográficas para diversos grupos biológicos. Nas faixas
litorâneas são encontrados os manguezais e as restingas, os primeiros
associados às desembocaduras dos rios na faixa de influência das marés, e as
últimas cobrindo os depósitos arenosos decorrentes de transgressões marinhas do
período Terciário.
Segundo a Resolução CONAMA Nº07
de 23 de Julho de 1996, “entende-se por vegetação de restinga o conjunto das
comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sobre influência marinha e
fluvio-marinha. Essas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em grande
área de diversidade ecológica sendo consideradas comunidades edáficas por
dependerem mais da natureza do solo do que do clima”.
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Distribuição da Restinga no litoral brasileiro |
As restingas estão distribuídas
ao longo do litoral brasileiro, numa extensão total de quase 5.000 Km,
ocorrendo em 79% de sua costa. As principais formações estão na Bahia, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Na Bahia são encontradas tanto florestas
sobre restinga cobrindo grandes extensões no extremo sul do Estado, como
grandes campos arenosos, com elevada riqueza, apresentando espécies com distribuição
disjunta entre litoral, campos rupestres e cerrados, que ocorrem
principalmente na região de Belmonte, próximos à foz do rio Jequitinhonha.
A preservação deste bioma se faz necessário,
pois o mesmo apresenta grande importância ecológica. Muitas espécies de fauna
no Brasil são restritas às restingas, havendo inclusive grande dependência, a
exemplo de espécies de aves que encontram nesses ambientes local de pouso e
alimentação.
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Formicivora littoralis (formigueiro-do-litoral). Ave endêmica de áreas de restingas corre risco de extinção. |
A vegetação de restinga evita a erosão eólica, com a fixação do
substrato arenoso, evitando bloqueio de estradas, habitações, além de diminuir
o assoreamento de lagunas, brejos e canais, proporciona também a permeabilidade
do solo, fazendo com que a chuva abasteça os lençóis freáticos que mais tarde
abastecerão as comunidades com água potável, além de manutenção dos níveis de
água dos corpos d’água. Com isso, a retirada dessa vegetação propicia a
formação de dunas móveis e lixiviação de nutrientes.
Visando a importância econômica que esse
ambiente pode oferecer, se faz necessário a preservação do banco genético
existente nas restingas já que são poucos os estudos feitos com o potencial do
seu uso.
Na região sul da Bahia, mais
especificamente nas cidades de Una e Canavieiras o estudos demonstram a
existência de fragmentos ainda significativos da vegetação natural, a exemplo
das restingas e manguezais. Contudo, a pressão de uso sobre essas regiões
litorâneas tem levado à riscos de degradação devido a expansão inconsequente de
loteamentos e empreendimentos turísticos. As áreas originais de restinga sofrem
ocupações por atividades agrícolas, especialmente de pastagens e cultura do
coqueiro e isso vem mostrando que da planície costeira em especial da cidade de
Canavieiras, as áreas de restinga e brejos estão sendo convertidas em áreas de
pastagens, enquanto os manguezais seguem ameaçados pelo avanço das áreas
urbanas.
Dessa forma, mesmo considerando a
existência de fragmentos, ainda significativos, na atual vegetação natural do
litoral desses municípios, é bastante recomendada a adoção de medidas mais
eficazes de conservação, principalmente através da implantação de áreas
naturais de proteção integral que incluíssem esses ecossistemas poucos
priorizados quando se fala em unidades de conservação do estado da Bahia.
Por: Disraely Santos e Lorena Kruschewsky
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