Bioindicadora de Poluição Fluvial
O crescimento urbano tem acarretado alguns problemas ambientais, como a poluição dos rios. Essa poluição está relacionada aos efluentes urbanos, às atividades agropecuárias e às atividades industriais que são despejadas erroneamente, sem uma prática sustentável. Exemplo desse fato, é a bacia do Rio Cachoeira no sul da Bahia, rio este que frequentemente encontra-se carregado de aguapé, Eichhornia crassipes (Mart.) Solms., por todo seu curso d'água (fig. 1).
O crescimento urbano tem acarretado alguns problemas ambientais, como a poluição dos rios. Essa poluição está relacionada aos efluentes urbanos, às atividades agropecuárias e às atividades industriais que são despejadas erroneamente, sem uma prática sustentável. Exemplo desse fato, é a bacia do Rio Cachoeira no sul da Bahia, rio este que frequentemente encontra-se carregado de aguapé, Eichhornia crassipes (Mart.) Solms., por todo seu curso d'água (fig. 1).
Fig. 1. Aguapé, Eichhornia crassipes (Mart.) Solms., família Potenderiaceae.
Aguapé é um tipo de uma planta
aquática, flutuante, que é comumente encontrada em rios de fluxo lento ou
lagoas. Sua reprodução é realizada por meio vegetativo, produzem também frutos
e semestres em abundância. Possui diversas funções que ajudam na “despoluição”
de ambientes de águas eutrofizadas, como a
capacidade de absorver e acumular poluentes, "filtrando" a água; além de evitar a incidência da luz direta do sol sobre a
lâmina, impedindo que a água fique extremamente esverdeada.
Por não se
conhecer corretamente a sua biologia e seus múltiplos benefícios para a comunidade
aquática, os iguapés são considerados equivocadamente, na maioria das vezes,
uma praga por prefeitos e autoridades brasileiras e de outros países. Quando a
planta se prolifera em rios ou lagoas de grande extensão seu manejo torna-se
mais difícil. Em corpos d’água eutrofizados, onde há um baixo número de animais
como peixes e mamíferos aquáticos herbívoros a planta reproduz-se com muita
facilidade, ocupando assim toda a área do rio ou lago, por exemplo, o que impede
a proliferação de algas responsáveis pela oxigenação da água.
Uma
purificação eficiente só se consegue em lagoas ou banhados bem dimensionados e
manejados. Mas como a planta pode ser sistematicamente controlada? Em Itabuna,
no sul da Bahia, a Comissão Técnica de Gestão Ambiental do Centro de Pesquisas do Cacau
da CEPLAC reconheceu neste ano bases cientificas de um projeto apresentado pelo
engenheiro agrônomo Agamenon Farias, e apoiado pela Emasa (Empresa
Municipal de Água e Saneamento), de revitalização do rio local, o Rio
Cachoeira (fig. 2), e o processo de produção de adubo orgânico a partir dos aguapés,
conhecidos por baronesas na região. Outra medida utilizada em algumas cidades é
fazer barreiras flutuantes para manter essas plantas afastadas de pontos
sensíveis, como turbinas.
Fig. 2. Proliferação de aguapé no rio Cachoeira, município de Itabuna, BA.
Sendo
assim, o aguapé pode ser considerado um indicativo de poluição, ao mesmo tempo
em que representa um instrumento para a purificação de águas. Se a sua proliferação atinge níveis muito
elevados a ponto de ser considerado um problema para o município, a solução não
está na simples eliminação ou não introdução, está no manejo.
LARISSA SILVA LIMA
THIÁRA SOUSA PAIM
Referências
Aguapé: planta da Amazônia é arma poderosa contra poluição. Disponível em: <http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/Aguape-planta-da-Amazonia-e-arma-poderosa-contra-poluicao.html>.
FONTES, I. B. M.; ARAUJO, Q. R.; SEVERO, M. I. G.; OLIVEIRA, A. H. Avaliação dos Micropoluentes Inorgânicos da Estação de Tratamento do Esgoto de Ilhéus (Bahia). Londrina: Geografia, 2009. vol. 18. nº 1.
JOSÉ LUTZENBERGER. Em Defesa do Aguapé. Porto Alegre: Poder. L&PM Editores Ltda.,1985. Disponível em: <http://www.fgaia.org.br/texts/t-aguape.html>.
RODRIGUES, L.; LOURENÇO, N.; MACHADO, C. R.; JORGE, M. R.; JACINTO, J. J. Modelos espaciais de pressão sobre os recursos naturais: O exemplo da Mata Atlântica no Sul da Bahia, Brasil. Barcarena - Portugal: Centro de Investigação da Universidade Atlântica, Antiga Fábrica da Pólvora de Barcarena. Disponível em: <http://repositorio-cientifico.uatlantica.pt/bitstream/10884/358/1/2004_Modelos_espaciais_press%C3%A3o.pdf>.
WERNER E. ZULAUF. O meio ambiente e o futuro. São Paulo: Estudos Avançados, 2000. vol.14. nº 39.